domingo, 22 de junho de 2008

VIVÊNCIAS

Uma experiência de sucesso no artesanato do Ceará

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Andreya Trindade, Arthur Adriano Fernandes de Sousa, Carmem Lúcia Dantas, Cláudia Correia Cavalcante, Carlos Augusto Parente dos Santos, Di Freitas, Elayne Cristina Rocha, Flora Fogaça, Francisco Soares Costa, Francisco Gomes da Silva, Francisco Lacerda de Moreira Cavalcante, Francisca Cleide Moreira de Castro, Glauber Almeida, Joaquim Jorge de Moura, José Airton Cabral, João Bandeira, Jofrânio Bandeira, João Álcimo Viana Lima, Júnior Boca, Maria Dolore de Andrade Feitosa, Nilde Ferreira, Carlos Alberto P. Magalhães(Pe), Mauríco Crenaschi(Pe), Pedro Bandeira, Régis Caminha, Mestre Tico(Reisado do Mestre Tico), Terezinha de Lizê Freire.

APRESENTAÇÃO
Dos sertões dos Inhamuns às serras da Ibiapaba e de Baturité, parando no Cariri, foi redescoberta as belezas do artesanato de todas as regiões do Estado. Viajou, literalmente, nas tipologias, cores, belezas, paisagens, barro, palha, tecidos e linhas... Pesquisou, criou, envolveu e apaixonou dezenas de artesãos, num projeto que fez a releitura e requalificou manifestações culturais como o bordado, o trançado e a renda.
Projeto que usou como fonte de inspiração, paisagens e animais ao alcance da vista, observadas agora por outros olhos e olhares.

Assim , nasceram as vivências. A ação é um projeto do Programa de Artesanato Irmãos do Ceará, que a partir de reunião de artesãos, designers e consultores, levou para essas regiões, um jeito novo de ver e fazer o tradicional. O resultado de todo esse processo, que envolveu artesãos de dezenas de municípios, está reunido neste livro que mais que um registro, é o resgate de um trabalho que misturou empenho, suor, emoção e sotaques, de Norte a Sul do Estado. Uma troca de fazeres e saberes que está ajudando a bordar, esculpir e trançar, o novo artesanato do Ceará.
Um processo que está transformando a filosofia da atividade artesanal. Afinal, cultura também é empreendedorismo. E deve gerar emprego e renda, além de prazer, para que possa sobreviver como atividade e garantir a preservação de tradições e culturas e a dignidade de quem faz da arte, a sua vida, e dela tira o seu sustento.
( Alci Porto Gurgel Júnior )

ABRINDO CAMINHOS PARA O ARTESANATO
O artesanato está em evidência no mercado de consumo e seu alto grau de transversalidade permite que os empreendedores o identifiquem como oportunidade de negócios, sendo sua aplicação facilmente constatada na indústria de roupas e acessórios de moda, calçados, móveis, serviços de decoração e design de interiores.

A corrida para a conquista do mercado, bem como a pressão imposta pelo crescimento do consumo, estimulam a criatividade do artesão. Todavia esses fatores também podem ofuscar sua competência para a inovação à medida que ele se distancia de suas referências culturais. Uma intervenção consciente se faz necessária para que possamos consolidar o setor artesanal cearense como fonte de geração de ocupação e renda, atuando de forma integrada com os setores de cultura e turismo do Estado.

Com essa preocupação é que através do Programa de Artesanato Irmãos do Ceará, concebeu a metodologia Vivência Elo Cultural, que tem como base cientifica os preceitos adotados pelo “Projeto Faber: Vivências”, cujo bojetivo é qualificar profissionais para atuação em programa artesanais. Em Julho de 2005, estabelecemos uma parceria com o Laboratório Piracema de Design, núcleo de pesquisas sobre cultura brasileira localizado em Porto Alegre/RS, para aplicação do Projeto Faber a um grupo de 46 artesãos da Região dos Inhamuns. Especialistas locais atuaram como observadores e aprendizes desse processo metodológico de intervenção. Desse trabalho, resultou uma coleção de produtos das tipologias bordado, crohê e retalhos denominada Inhamuns – Feitos do Sertão, bem como um projeto de imagem para a promoção do artesanato local.

A partir daí, aprofundamos o estudo e implementamos com nossos consultores a metodologia Vivência Elo Cultural, um processo apoiado em um tripé de ações integradas: a busca da percepção da realidade em sua essência; a pesquisa interdisciplinar das bases históricas, antropológicas e tecnológicas do produto para o entendimento dos processos culturais; e a vivências, que são momentos de encontro para troca de saberes e experiências.

A interdisciplinaridade da equipe técnica aliada ao legado cultural dos artesãos compõem o amálgama necessário para a implementação dessa metodologia.

A realização da primeira Vivência Elo Cultural ocorreu em outubro de 2005 na Região da Ibiapaba com artesãos de Croata, Ipu, Ubajara e Viçosa do Ceará, cujas tipologias artesanais são, respectivamente, palha de carnaúba, cerâmica e palha de bananeira. Dessa Vivência resultou a criação da identidade visual e uma coleção de produtos artesanais denominada “Expressão Tabajara”, possibilitando uma releitura dos ícones da cultura indígena daquela comunidade. Prosseguimos em 2006 aplicando a Vivência Elo Cultural nas regiões do Maciço de Baturité e do Cariri. Na Região do Maciço, participaram artesãos de Baturité e Redenção, que desenvolveram uma coleção cuja reverência à exuberância da natureza possibilitou sua denominação como “Coleção Rota da Natureza”, contemplando as tipologias de palha de bananeira, bordado e retalhos. Já na Região do Cariri, participaram artesãos de Altaneira, Campos Sales, Caririaçu, Crato, Granjeiro, Jardim, Juazeiro e Lavras da Mangabeira que traduziram com maestria toda a diversidade cultural de seu povo criando a “Coleção Impressões” com o uso das tipologias de trançados em palha de milho, carnaúba e sisal, bordados, composição de retalhos e xilogravura.

Desse trabalho, resultaram a logomarca que denomina o artesanato da Região como “Cariri Ceará”, bem como a elaboração de um projeto de imagem e do catálogo de produtos artesanais da Coleção Impressões. Esse é o caminho que estamos trilhando para irmos além da valorização do “fazer manual”, onde o artesanato estará pronto para ser comercializado em rotas turísticas, na ambientação de hotéis, restaurantes e residências e consumidores do mercado globalizado cujo interesse por produtos originais valoriza e promove o resgate cultural e a identidade regional diferenciada de cada povo. (Diva Mercedes Machado Alves Nogueira)

PROJETO PIRACEMA E ELO CULTURAL,
A HISTÓRIA DE UM ENCONTRO

Criado em 2003 como um núcleo de pesquisa da forma na cultura brasileira, o Laboratório Piracema de Design, com sede em Porto Alegre – RS, logo se propões a desenvolver um projeto que aproximasse o design do artesanato. Nascia o Projeto Faber que, recentemente, passou a se chamar simplesmente Projeto Piracema, por ser uma extensão mais natural das atividades do Laboratório que o criou e o administra.


Constatou-se, já de início, que apesar da produção artesanal ser uma área de grande potencial e carente de ações efetivas, era um desafio para quem se propusesse a um trabalho profundo e contínuo. A,primeira coisa era se pensar a médio e longo prazos, evitando agir em função de vantagens imediatas e que não levam em conta conseqüências futuras. A opção estava feita: plantar sementes. Assim criou-se um sistema de formação de plantar sementes. Assim criou-se um sistema de formação de profissionais para atuação em programas de aproximação entre o design e o artesanato.

A filosofia deste trabalho começa por seu próprio nome-Piracema-um fenômeno da natureza em que os peixes sobem a correnteza dos rios para desovar na fonte. É a metáfora prefeita para um trabalho que se propõe mergulhar na tradição para projetar o contemporâneo. Composto de fundamentos teóricos, práticas criativas e vivências de campo, o projeto vem se firmando como a mais respeitada experiência no setor.

O aspecto original do Projeto Piracema advém de alguns princípios básicos. O primeiro deles é a formação de muma equipe interdisciplinar e o embasamento científico de seus métodos, baseados em técnicas de estímulo à criação e princípios da antropologia social, para fazer face aos perigos do empirismo e da unilateridade. Uma outra preocupação é a de ver o produto artesanal em sua dimensão antropológica, ou seja, fruto da experiência criativa de uma pessoa, de uma comunidade, de uma cultura. Aumenta, assim, a responsabilidade face a toda e qualquer intervenção, conscientizando-se de que, como numa grande teia, a mudança no produto implica em mudanças muito mais amplas e profundas. Por outro lado, as vivências de campo subvertem as posturas cristalizadas dos autores desses encontros. Tanto artesãos quanto designers são estimulados a uma troca de saberes: de um lado, o domínio da matéria, o conhecimento da tradição, o imaginário de uma cultura específica; do outro, a atualização da informação, o aperfeiçoamento da forma, a oxigenação cultural. Por fim, num empreendimento marcado por metas explícitas e frequentemente quantificadas, a metodologia do Projeto Piracema abre um grande espaço para a subjetividade, para a apreensão das questões mais sutis do fazer humano.

É nesse território abstrato e nem sempre mensurável que mora a substância, a essência de uma cultura. Ao perceber isto, tem-se nas mãos a chave da permanência da identidade, da renovação conseqüente de uma produção cultural.

O Projeto Piracema foi realizado na região de Inhamuns, com resultados surpreendentes. Mas o melhor estava por vir. Decorrido pouco mais de um ano, a proposta Elo Cultural vem agora mostrar os frutos do primeiro encontro. Com designers e consultores locais, vários trabalhos similares foram feitos, contemplando as regiões do Cariri, de Ibiapaba, do Maciço de Baturité. Ainda que se possa discutir o resultado final de um ou outro produto e é natural que isto aconteça, pois tudo é processo e, como tal, em permanente evolução – a equipe acertou no essencial; multiplicou as sementes em terreno fértil. Mostrou que é possível implantar idéias novas na aproximação entre o design e o artesanato, no desafio de melhorar a produção e a vida do artesão. Mostrou como é bom andar sobre os trilhos do acerto conceitual, da qualificação profissional e, sobretudo, do legítimo compromisso de ampliar os horizontes do fazer artesanal sem ofuscar a perspectiva de sua história. (José Alberto Nemer)

VIVÊNCIA ELO CULTURAL: UM MERGULHO
NO PLANO SUBJETIVO DOS FAZERES CRIATIVOS

O ELO CULTURAL é desenvolvido por um grupo de consultores de amplo conhecimento teórico, competência técnica e experiência no trato da pedagogia dos processos artesanais, e tem por objetivo, além da qualificação de profissionais para a atuação em programas artesanais, o desenvolvimento humano dos envolvidos. Suas atividades são realizadas em várias etapas: pesquisas de campo e bibliográficas, explanações práticas e teóricas, oficinas, vivências e, logicamente, permanente processo de avaliação de resultados em face dos objetivos esperados, mantendo como ideário a mesma base científica interdisciplinar da experiência que lhe deu origem.

A FILOSOFIA
Sabe-se que é a capacidade de encontrar ou criar sentidos que faz o homem humano. Que o faz capaz de superar-se, de fazer nascer o inexistente e de encontrar ou criar caminhos para a vida. Essa busca de sentido se dá através da fala, do trabalho, da luta e, principalmente, através da construção de imagens. É pela imaginação que o homem percebe a defasagem entre o existente e o sonho, que colocar em ação a sua capacidade de transformar natureza em cultura. A imaginação surge do real e o ultrapassa, fazendo perceber ausências e possibilidades outras que não estão presentes no real; que surge o símbolo para representar o inexistente ou não presente.
A criação de imagens e objetivos é um processo contínuo de três etapas: observar a realidade, elaborar o real na mente e materializar o que foi pensado. Esse estágio de contrução do que foi pensado requer o saber artesanal. É através do saber fazer artesanal que os humanos materializam as imagens que povoam suas mentes. É através da artesania que cristalizamos sonhos, desejos, desejos, mostramos melhor o real, provocamos admiração, criamos esperanças, despertamos interesse pelas coisas. Vivemos melhor. Compartilhando essas idéias, percebemos o produto artesanal como a materialização do patrimônio cultural de um povo, em toda a sua complexidade.

Isso significa que acreditamos que qualquer intervenção na produção artesanal implica numa violência simbólica, numa mudança da pessoa do artesão e no contexto social ao qual ele pertence. Por esse motivo, cremos na importância da interdisciplinaridade na concepção e execução de qualquer projeto relacionado à produção artesanal e repudiamos qualquer empirismo e unilateridade de visão. Assim pensando, o artesão é o elemento central de nossas ações: o ponto de partida e chegadas de todas as atividades. Nesse sentido, todo processo de abordagem deve ser orientado pelo rigor antroplógico, pela profunda aceitação da idéia da multiculturalidade e perfeita compreensão da importância da troca de saberes na construção de uma ação cultural de interesse para todos os envolvidos e retroalimentadora.

A PROPOSTA
“Na dinâmica cultural, a essência é a porta de entrada das idéias transformadoras”. Projeto Piracema

Sabe-se que na ampliação dos processos de absorção e expressão dos conhecimentos artísticos são necessárias três abordagens básicas que se dão de modo simultâneo e não hierárquicos: o sentir, o contextualizar e o fazer.

Como buscamos o desenvolvimento humano dos envolvidos, não podemos aceitar a existência de fronteiras rígidas que limitem a atividade artesanal no campo restrito do adestramento do fazer.

Torna-se necessária a flexibilização e o alargamento de conceitos.

A atividade artesanal também pressupõe criação, expressão e arte. E, nesse sentido, o ELO CULTURAL defini-se como uma proposta que se pretende arte-educativa. Então, torna-se necessário e fundamental incluir nas ações pedagógicas de transmissão dos saberes artesanais não só a identificação da essência simbólica do produto artesanal, ultrapassando o seu aspecto formal utilitário, mas mergulhar, sem medo, no plano subjetivo mais profundo dos fazeres criativos.

Também não se pode esquecer da necessidade de se alargar o entendimento do fazer artesanal para um horizonte mais amplo que inclua, além do perfeito domínio do fazer, a clara compreensão de como se dá a inserção desse produto nos sistemas produtivo e simbólico da sociedade capitalista. É preciso desenvolver o sentir através da convivência com outras produções artísticas e culturais; o contextualizar através do conhecimento da história social e das artes do seu próprio povo e de outros povos; e o fazer através do perfeito domínio técnico, do rigor e da total ausência de licenciosidade de execução de sua própria produção.

A METODOLOGIA

A Proposta ELO CULTURAL é apoiada em um tripé de ações integradas: na busca da percepção da realidade em sua essência; na pesquisa interdisciplinar das bases históricas, antropológicas e tecnológicas do produto para o entendimento dos processos culturais; e nas vivências, que são os momentos de encontro para a troca de saberes e experiências através de palestras, oficinas, e outras atividades artístico culturais, que são planejadas adequadamente às necessidades de cada grupo. Além de artesãos, designers, antropólogos, historiadores, fotógrafos, etc. e do pessoal da infra-estrutura operacional, o projeto deve contar com um apoio técnico mais específico se os consultores perceberem a necessidade.

AS ETAPAS

O DIAGNÓSTICO

Inicialmente é realizada uma visita para levantamento e diagnóstico da produção artesanal da região. Durante essa visita é feita uma análise dos pontos fortes e fracos do artesanato local.

São observados seus valores estéticos, o nível de legitimidade cultural, as condições de produção, a adequação de preço e os processos e canais de distribuição.

A PESQUISA

Pesquisa bibliográfica para coleta de dados antropológicos, sócio-políticos, históricos e econômicos da região. Isso tem a finalidade de oferecer aos participantes, durante a vivência, uma perfeita contextualização da produção artesanal regional. Consultores reúnem-se para a elaboração dos conceitos que nortearão os trabalhos da etapa de vivências e, principalmente, os princípios estéticos que balizarão as propostas das coleções que serão desenvolvidas através da troca de saberes entre técnicos e artesãos, no exercício das oficinas. Por fim são elaboradas coleções-âncora para a definição dos materiais que serão empregados em sintonia com os materiais tradicionalmente utilizados pelo grupo.

A VIVÊNCIA

A Vivência, geralmente realizada durante oito dias, acontece em processo de imersão dos participantes, compreendendo as seguintes etapas:

-ABERTURA-Abertura dos trabalhos com apresentação objetiva sobre a filosofia e o processo empregado nos trabalhos da Proposta ELO CULTURAL.
-PALESTRA-Sobre as memórias, lendas e história da região, assim como sobre a formação étnica, política, econômica, e produção artístico-cultural do povo local.
-SENSIBILIZAÇÃO 1- Sensibilização estética através de pesquisa de campo com observação atenta da paisagem local do entorno e realização de desenhos e anotações de cores e formas que o artesão credite importante.
OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO- Exercício coletivo onde se realiza com papel e tesoura composições visuais a partir dos estímulos recebidos ou percebidos na atividade anterior.
-SENSIBILIZAÇÃO 2- Exposição dos trabalhos realizados e debate conduzidos pelos consultores e designers, sobre os resultados obtidos.
-OFICINA DE FAZERES- Realização das oficinas envolvendo designers, consultores e artesãos, numa troca interdisciplinar de sabres, tecnologias, observações e reflexões, tendo como principais objetivos a criação de novos produtos artesanais e o estabelecimento de diretrizes para trabalhos futuros.
-SENSIBILIZAÇÃO CULTURAL- Paralelamente às oficinas são oferecidas oportunidades de acesso a atividades culturais ( shows, palestras, dabetes, encontros, filmes, peças teatrais) que ajudem no processo de sensibilização / estimulação estético-criativa ou sirvam para o repasse de saberes e tecnologias que alarguem conceitos da produção artesanal, na busca do desenvolvimento humano dos artesãos.
-COBERTURA- Em paralelo ao desenvolvimento das oficinas é feita uma completa cobertura fotográfica e são desenvolvidos pelos designers toda uma produção de peças gráficas e embalagens que revistam a coleção com um tratamento visual profissionalmente adequado.
-EXPOSIÇÃO- Encerramento da vivência com apresentação para a comunidade dos resultados obtidos e exposição das coleções desenvolvidas.
-AVALIAÇÃO FINAL- Reunião do grupo para avaliação dos resultados obtidos. (Roberto Galvão)

01-VIVÊNCIA INHAMUNS
Coleção Feitos do Sertão

Ipueiras, Nova Russas, Poranga, Ararenda, Catunda, Tamboril, Monsenhor Tabosa, Ipaporanga, Crateús, Independência, Novo Oriente, Quiterianopoles, Tauá, Parambu e Arneiroz.

DESCOBRINDO O SERTÃO DOS INHAMUNS

A região dos Inhamuns ocupa uma área de 24 mil Km2, o que compreende 16% do território cearense, sendo a maior extensão de terras contíguas com vegetação de matas secas e caatinga arbórea do estado.

Toda a fisionomia da terra é a do sertão. Ou quase toda. Terra de rala caatinga com pequenas árvores: juremas, sabiás, pereiros, imburanas e catingueiras. Algumas poucas mais avantajadas: aroeiras, pau-darco-roxos, angicos, marfins e cumarus. Um território plano, cercado de montanhas por todos os lados, onde pontificavam os índios Inhamuns, Cariús e Quixolôs.

Uma região áspera e, ao mesmo tempo, bela. Terra de ocupação difícil, dada a irregularidade das chuvas, característica que limita o aproveitamento do solo e impede o desenvolvimento de uma produção em maior escala.

Sua colonização, remonta à época da colonização do Brasil, quando em 1.717 o capitão-mor Manoel da Fonseca Jaime concedeu, ao Tenente Luiz Coelho Vidal e a João de Almeida Vieira, a semaria onde hoje localiza-se a cidade de Tauá. Nesse período, conhecido como cilco do couro, a região começou a se desenvolver.

Percorrendo o curso do rio Jaguaribe, chegaram os primeiros moradores: vaqueiros que demandavam outros estados, como Piauí, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte. Alguns desses homens fixaram moradia nos Inhamuns, que acabou por se tornar importante pólo de criação de gado.

Os Inhamuns abrigam sítios paleontológicos de expressiva importância. Segundo Antônio Bezerra, “abundam por aqui ossadas fósseis de animais extintos”. No Museu Regional dos Inhamuns, pode-se encontrar fósseis e objetos pré-históricos ao lado de mobiliário e utensílios do século XVIII, herança da riqueza agropecuária da região.

UMA CULTURA VIVA

Terra de clima seco e de sol forte, nos Inhamuns predominam caatinga, o carrasco e matas secas. Um lugar de sertanejos um povo rijo, valente e obstinado, afeito às agruras de seu habitat.

Essas características se refletem na cultura local que se irradia na religiosidade de suas procissões, reisados e pastoris. No aboio dos vaqueiros, nas cantorias e oralidade dos poetas populares, no resfolegar do fole das concertinas e sanfonas e no colorido dos folguedos juninos.

Na culinária, não há quem discorde que o melhor carneiro do Ceará provém dos Inhamuns. Assado, cozido ou torrado, o carneiro também se presta ao preparo da buchada, da fussura, do sarapatel e do sarrabulho. Tudo acompanhado de cachaça da terra porque ninguém é de ferro.

Mas os Inhamuns também têm o lado da modernidade que inexoravelmente chega aos sertões. O forró se moderniza, agregando valores urbanos. Seus artistas gravam CDs e trocam o chão das feiras por palcos montados em ginásios, praças e clibes.

No Festival de Artes dos Inhamuns, realizado em toda a região, bonequeiros, artistas de circo e artistas de rua se reúnem para trocar experiências e participar de cursos de produção e gestão da cultura numa busca de adaptação às novas formas do fazer cultural.

DIAGNÓSTICO

Heloisa Crocco, consultora do Projeto Faber, visitaram a região dos Inhamuns para conhecer a produção local e manter contato com os artesãos. Foram definidas as tipologias a serem trabalhadas na Vivência assim como o processo de seleção dos participantes, de forma a escolher pessoas capazes de repassar os conhecimentos adquiridos a outros companheiros.

VIVÊNCIA DE INHAMUNS

Reunidos no Centro Pastoral da Igreja São José, em Tauá, de 10 a 17 de Julho de 2.005, artesãos da região dos Inhamuns, consultores do Projeto Faber e técnicos e consultores, participaram da Vivência dos Inhamuns, que incluiu visitas de observação do entorno da cidade e ao centro de artesanato, além de palestras e oficinas. O grupo também participou do festival de quadrilhas na praça central da cidade.

ARTESÃOS

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OFICINAS

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DINÂMICA

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IDENTIDADE VISUAL

O projeto gráfico contempla a figura do símbolo justaposto ao logotipo Inhamuns: Feitos do Sertão. Possui várias aplicações gráficas que acompanharão os produtos da Coleção Feitos do Sertão.

O símbolo, resultado da síntese gráfica, toma como referência a arquitetura popular dos caseiros, abrigando em seu interior a modulação orgânica que, num movimento contínuo e ritmado, vaza e amplia os limites da casa.

Dessa maneira, a arquitetura gráfica do símbolo vem sintetizar a inventividade e a simplicidade do fazer artesanal, transbordando traços da cultura sertaneja encontrados na paisagem, nos artefatos e alimentos típicos dispostos nas feiras e mercados populares dos seus municípios.

O logotipo INHAMUNS vem nomear e identificar os feitos ocorridos no sertão e, sobretudo, valorizar o fazer artesanal da região.

O padrão cromático eleito para a marca – verde e vermelho- representa, respectivamente, a força da flora presente na caatinga e do clima semi-árido típicos da região dos Inhamuns.

LOGO – Inhamuns Feitos do Sertão

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COLEÇÃO FEITOS DO SERTÃO

Com a criação de uma coleção, pretendemos concluir os elementos levantados durante a vivência, assim como consolidar a experiência de lidar com a diversidade de tendências no fazer artesanal, criando entre os produtos uma unidade.

Neste caso, alguns pontos foram considerados:

Os materiais usados são, em sua grande maioria, produzidos na região, colocando para o artesão a possibilidade de recursos imediatos e a baixo custo.
Ampliou-se o emprego de algumas matérias-primas. Por exemplo, os tecidos normalmente usados para a fabricação de redes foram usados em almofadas, toalhas, cobre-leitos, etc.
Tentou-se dar ênfase à estética popular, através da geometria simples e da combinação inusitada de corres.
Contemplou-se diferentes ícones da região, como as fachadas das casas, a flora e alguns animais.

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EXPOSIÇÃO

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2-VIVÊNCIA IBIAPABA
Coleção Expressão Tabajara


Viçosa do Ceará, Tianguá, Frecheirinha, Ubajara, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal, Guaraciaba do Norte, Pires Ferreira, Croata, Ipu e Hidrolândia.

DESCOBRINDO A IBIAPABA

Congregamos os municípios de Viçosa, Tianguá, Ubajara, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal, Guaraciaba do Norte, Croata e Ipu a região de Ibiapaba trascende a chapada, transborda da zona de mata atlântica e derrama-se pelo sertão agreste, num contraste profundamente enriquecedor.

Seu povo, com uma história marcada pelos feitos da colonização e da resistência , tem a sua cultura repleta de sentidos apanhados na essência das poéticas indígenas de tradição Tabajara.

Na chegada dos europeus, os habitantes nativos no Ceará eram muito numerosos. A Ibiapaba no início do século XVII, quando começa o processo de colonização, era ocupada por mais de 60.000 índios distribuídos em 70 aldeias, era um lugar de refúgio para povos em dificuldade, fugidos das guerras que se lhe faziam portugueses e holandeses ou por problemas de falta de alimento e água.

Nos séculos seguintes a tradição se manteve, nas secas os que podiam deslocavam-se para a Ibiapaba. Existia na região acolhimento e proteção para todos que se sentiam desamparados.

Uma região de serra, em pleno sertão cearense, quase na divisa com o estado do Piauí, é a característica maior de Ibiapaba, que em tupi significa “lá onde acaba a terra”.

Uma chapada que se eleva a 1000 metros do chão sertaneo.

Paisagem e clima diversos do que normalmente se encontra no restante do Ceará. Um lugar onde nascem samambaias, bromélias e que ainda abriga resquícios de mata atlântica.

A presença portuguesa no lugar remonta a 1.604 com a chegada de uma expedição comandada pelo açoriano Pero Coelho de Souza, responsável pelo desbravamento da Ibiapaba.

UMA CULTURA VIVA

Nos lugares que têm laços culturais enraizados, como na Ibiapaba, a identidade se põe em cena, se celebra em festas, nas feiras e se faz presente, dia após dia nos rituais do cotidiano, na vida comum.

No uso das cerâmicas; dos trançados feitos de palha da carnaúba, do babaçu e da bananeira, de fibras de croá, de cipós de japecanga ou taboca; e nos modos de alimentar-se vemos a celebração da cultura ibiapabana.

Nas suas cerâmicas é patente a matriz indígena, tanto na tecnologia empregada como nas formas e decorações. O mesmo pode-se dizer dos trançados. Isto é o homem humanizando a natureza, tornando-a algo para si. É a memória viva da tradição cultural. É a capacidade de manutenção de um conhecimento, um conhecimento que nos pertence. É a memória coletiva capturando o que sente significante ou útil e trabalhando para transforma-lo em elementos da tradiçãO.

DIAGNÓSTICO

Foi feita pesquisa historiográfica sobre a região com a intenção de se fazer um diagnóstico mais aprofundado dos processos de desenvolvimento da Ibiapaba. Estudou-se os embates pelo domínio e ocupação da região, sua evolução econômica, os caminhos percorridos na construção da cultura local que levaram à sua produção artesanal atual. Procurou-se também entender a formação étnica do povo e suas tradições mais profundas.

Também foi profundamente analisada a produção artesanal da região em todas as suas vertentes, para substanciar as possíveis propostas que seriam apresentadas e seleção das tipologias por serem trabalhadas e dos artesãos que participariam da Vivência da Ibiapaba.

VIVÊNCIA DA IBIAPABA

Reunidos no Centro Missionário Sçao José, em Tianguá, de 21 a 28 de outubro de 2.005, artesãos da região da Ibiapaba, e consultores trocaram experiências e saberes através de palestras, oficinas e dinâmicas de sensibilização. Na busca do resgate da cultura indígena, os artesãos visitaram o Museu de Viçosa e o entorno de suas cidades.

ARTESÃOS

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DINÂMICA

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OFICINAS

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IDENTIDADE VISUAL

A identidade é um processo vivo e maleável que se redefine a cada momento. O que diferencia uma sociedade, um lugar ou um produto não é uma coisa fixa, é algo que pode assumir diversas formas. A identidade visual de um lugar ou produto é aquilo que, por analogia, o representa ou substitui, provoca evocações, faz lembrar esse produto ou lugar.


Logo : IBIAPABA Expressão Tabajara
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A marca surgiu da idéia de justaposição do logotipo Ibiapaba, elemento identificador de origem; do símbolo que faz referência a produção artesanal local de tradição indígena; e da frase Expressão Tabajara; identificadora do conceito da coleção.

O projeto elaborado pela equipe de design gráfico contempla várias aplicações que acompanharão todos os produtos da Coleção Expressão Tabajara.

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COLEÇÃO
Expressão Tabajara

Ao se pensar na criação de uma coleção, a intenção dos consultores da vivência ELO CULTURAL, foi que ela expressasse, eu sua essência, a cultura da Ibiapaba. Nesse sentido se optou por priorizar a busca do espírito Tabajara, visivelmente vivo no cotidiano da população local.

Durante a realização da vivência, foram consolidadas algumas idéias pré-estabelecidas e desenvolvidas outras a partir do encontro dos saberes de todos os envolvidos..

Na elaboração da Coleção Expressão Tabajara, alguns pontos foram considerados:

Os materiais utilizados são prioritariamente de fácil obtenção na região, destacando-se os recursos naturais e de baixo custo.
Foi estimulada a ampliação no espectro de utilização de algumas matérias-primas básicas.
Buscou-se uma ênfase nas tradições culturais indígenas, todavia redimensionada como uma expressão do tempo atual.
Compreendeu-se que a produção artesanal da Ibiapaba é a permanência de uma herança cultural viva. É a cultura Tabajara contemporânea.

PRODUTOS DESENVOLVIDOS

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EXPOSIÇÃO

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3-VIVÊNCIA
MACIÇO DE BATURITÉ
Coleção Rota da Natureza

Pacoti, Palmácia, Guaramiranga, Redenção, Mulungu, Baturité, Barreira, Aratuba, Aracoiaba, Capistrano, Ocara e Itapiuna

DESCOBRINDO O MACIÇO DE BATURITÉ

A Proposta ELO CULTURAL – Maciço de Baturité foi um convite para percorrer caminhos na busca do desenvolvimento da percepção da Região em sua essência: de conhecer serra, sertão, cidades; de perceber seus perfumes, a sonoridade dos cantos de seus pássaros, seus sabores; saber de suas histórias, viver sua arte para entrar no entendimento dos verdadeiros processos culturais.

O povo do Maciço, com uma história construída na solidariedade e na defesa da liberdade, tem uma cultura marcada pela poética da natureza.




DESCOBRINDO BATURITÉ

A cidade de Baturité, pólo comercial da região, tem origam, em 1.764, na antiga aldeia indígena de Montemor o Novo da América. A produção artesanal da região é carregada de sentidos apanhados no seu rico sistema ambiental e na essência da tradição de se viver em sintonia com a natureza.

BATURITARTE é uma associação de artesãos que trabalham em especial com a palha da bananeira. E, a partir dessa matéria-prima abundante na região, têm desenvolvido uma variada coleção de acessórios de moda, mesa e objetos para decoração.

DESCOBRINDO REDENÇÃO

Situada na região, à margem do rio Pacoti, a cidade de Redenção tem a sua cultura marcada pelo plantio de cana-de-açucar, produção de excelente aguardente e pela herança libertária de ser a primeira cidade brasileira a abolir a escravatura, em 1.883.

A sua produção artesanal também é marcada pela poética dos canaviais, pela tradição humanista e pelo culto à natureza.

LIBERTAR é uma associação de artesãos que trabalham principalmente com bordados manuais em matiz. A partir dessa especialidade, tem desenvolvido ricas coleções de camisetas, acessórios de moda, cama, mesa, banho e objetos para decoração.

UMA CULTURA VIVA

No Maciço a cultura se põe em cena, se celebra em festas, nas feiras e se faz presente, dia após dia, nos rituais do cotidiano, na vida comum.

Nos museus, nas festas religiosas, nas novenas e procissões, nas coroações, nos reisados, nos bois, quadrilhas, dramas, carnavais e pastoris; e em festivais de teatro e jazz & blues.

E também na forte tradição artesanal que se manifesta em múltiplas tipologias: trançados de cipós, taquara e palhas, bordados de muitos tipos, bonecas de pano, lapidação de cristais, confecção de instrumentos, cerâmica, madeira, xilogravura e sofisticada doçaria.

DIAGNÓSTICO

Depois de levantamento das características da produção artesanal do Maciço de Baturité, da análise efetiva do estágio de associativismo e capacidade empreendedora dos grupos artesanais e, principalmente, do estudo das condições técnicas e logísticas de aplicação da metodologia ELO CULTURAL, partiu-se para a realização das pesquisas sobre a história social, econômica e política da região. Alguns grupos artesanais, por variados motivos, principalmente de logístico operacional, não tiveram as condições necessárias mínimas de envolvimento no processo.

VIVÊNCIA MACIÇO DE BATURITÉ
Reunidos no Convento dos Capuchinhos em Guaramiranga, de 23 a 29 de maio de 2.006, artesãos da BATURIARTE, da LIBERTAR e consultores da Proposta ELO CULTURAL trocaram saberes e experiências através de palestras, oficinas, visitas a museus e participaram de outras atividades artísticas, como exposições de artes plásticas e dramas.

ARTESÃOS-BATURIARTE

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ARTESÃOS LIBERTAR

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DINÂMICA

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OFICINAS

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IDENTIDADE VISUAL

O nome “ROTA DA NATUREZA” surge de um olhar profundo sobre o entorno característico e singular da região.

Essa beleza se revela através das cores e formas impressas de forma criativa em todo o material gráfico desenvolvido para a coleção. Das ilustrações às etiquetas dos produtos, das embalagens ao folder promocional, Baturité está presente.

O projeto de identidade visual busca transmitir um conceito coerente com as linguagens do lugar, possibilitando a identificação do espírito do povo e da natureza do Maciço de Baturité.

LOGOMARCA
Coleção : Rota da Natureza 2006/2007

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COLEÇÃO ROTA DA NATUREZA

Um lugar é a imagem que fazemos deste lugar. É uma representação que construímos a partir dos contatos que temos com este lugar, de nossas lembranças pessoais ou das histórias que nos contam. Cada lugar tem múltiplas faces.

A coleção ROTA DA NATUREZA, de maneira sutil e delicada, inspirou-se na poética dos canaviais e bananeiras da região; nas texturas agrestes do campo e no suave brilho das cores das aves e flores que enfeitam a serra.

PRODUTOS DESENVOLVIDOS

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EXPOSIÇÃO

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4-VIVÊNCIA CARIRI CEARÁ
Coleções Impressões

Vázea Alegre, Farias Brito, Assaré, Altaneira, Granjeiro, Aurora, Potengi, Nova Olinda, Caririaçu, Barro, Araripe, Santana do Cariri, Crato, Juazeiro do Norte, Milagres, Missão Velha, Abaiara, Mauriti, Barbalha, Porteiras, Brejo Santo, Jardim, Jatí e Penaforte.

DESCOBRINDO O CARIRI CEARÁ

No sul do Ceará, conhecido pela fertilidade de seu solo e existência de rios perenes, fontes, rica fauna e flora, o Cariri estende-se por toda a zona circundante da serra do Araripe.

Além de propício para a agricultura, o solo da região apresenta ocorrência de gipsita, cobre, talco e argila. Deve-se destacar também a existência dos sítios paleontológicos do Araripe, os mais ricos do Brasil, que guardam muito da história da região.

FORMAÇÃO DO POVO

Verdadeiro oásis em meio a uma região de aridez inclemente, o Cariri Ceará, na chegada dos europeus, era habitado pelos índios da nação Cariri. A região acolheu, desde o final do século XVII, gente de muitas origens, principalmente dos sertões de todo o Nordeste.

RELIGIOSIDADE

Outro fator, significativo na definição sócio-econômica do Cariri Ceará, foi o fenômeno religioso do Padre Cícero. Atraídos pela humildade, acolhimento e orientação que o padre dava a seus fiéis, afluíram para o Cariri milhares de romeiros de todo o Brasil.

UMA CULTURA VIVA

A atração de populações, em princípio pelo pasto para o gado, pelas notícias do ouro e, depois, pelos milagres de Padre Cícero tornaram o Cariri Ceará lugar de encontros culturais, junção de diferenças e troca de saberes.

Fortemente marcada pela diversidade, a cultura do Cariri se apresenta fácil aos olhos dos visitantes: no rosto do povo, nas ruas, praças e feiras, nos sons, nas cantigas, nos benditos, na decoração dos oratórios caseiros, nas cores dos folguedos e no preto e branco das xilogravuras.

DIAGNÓSTICO

Numa região reconhecidamente rica na sua diversidade cultural, como no Cariri, qualquer ação de contato requer um profundo rigor antropológico, plena aceitação da idéia de multiculturalidade e uma perfeita compreensão da importância das interações sociais e do mundo cultural que rodeia o processo pedagógico, para que se obtenha aprendizagem e desenvolvimento inter-relacionados.

Foi feita também análise do nível de associativismo dos artesãos, da capacidade empreendedora dos grupos e da capacidade logística de realização da Vivência Elo Cultural na região. Foram, então, realizadas pesquisas de campo e bibliográficas para melhor compreender as bases históricas, políticas, sociais, artísticas e econômicas que servem de campo para a produção artesanal da região para substanciar as propostas apresentadas e a seleção dos artesãos que participariam da Vivência do Cariri.

VIVÊNCIA CARIRI CEARÁ

Reunidos no Centro de Expansão da Diocese do Crato, de 14 a 21 de junho de 2.006, artesãos de nove municípios do Cariri e consultores do ELO CULTURAL participaram de palestras, oficinas, visitas a museus e apresentações de grupos de tradição: reisado, banda cabaçal e violeiros.

ARTESÃOS

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DINÂMICA

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OFICINAS

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IDENTIDADE VISUAL

O conceito definido para a vivência Elo Cultural Cariri expressa, sobretudo, a grande diversidade cultural presente na região.

Essa diversidade foi trabalhada tanto na identidade visual como nos próprios produtos, numa saudável mescla de tipologias.

LOGOMARCA

CARIRI CEARÁ

Fé e Arte de um Povo

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COLEÇÃO IMPRESSÕES

Logo e Fotos

O trabalho dos artesãos dos nove municípios participantes da Vivência ELO CULTURAL do Cariri, resulta numa coleção de produtos denominada “IMPRESSÕES”, onde alguns pontos importantes são considerados.

Utilização de matéria prima natural e de baixo custo, em simbiose com materiais industrializados de fácil obtenção na região.
Entendimento de que produção artesanal é a permanência viva das heranças culturais.
Busca de uma ênfase nas tradições locais, todavia redimensionadas como expressões do tempo atual.

PRODUTOS DESENVOLVIDOS

A COLEÇÃO IMPRESSÕES reúne tipologias das mais diversas, onde se destacam os bordados, retalhos, fuxicos, trançados em palha de milho, carnaúba e fibras de agave e taboa, com detalhes em couro e motivos oriundos da xilogravura popular.

Uma coleção rica em contrastes onde se contrapõe as cores ferrosas da natureza com o preto e branco dos xilos. Um mundo de texturas e formas de um lugar que um dia já foi mar e virou sertão.

Um imaginar de sons benditos, pífanos e rabecas. O sagrado e o profano. Um cadinho cultural que suscita IMPRESSÕES ao longo de caminhos permeados por cultura e fé.

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EXPOSIÇÃO

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Nota:
O presente blog é elaborado, como forma de permitir com que seja colocado na rede mundial da internet, e, principalmente par aacesso dos artesãos protagonistas e suas associações,o contexto dos artesãos do Nordeste-Ceará, visto que a obra só é disponível em papel, portanto não digitalizada.
Me chamou a atenção o fato de não ser considerado na presente obra, os protagonistas principais, ou seja, os artesãos. Não há indicação do meio de contato com os artesãos ou ainda com alguma instituição que reúna a todos ou parte deles, para a comercialiação dos produtos da sua arte, ou ainda, necessárias complementações sobre o trabalho elaborado.
As fotos que compõem a obra, serão acrescentadas aos poucos e ao longo do tempo, na medida em que consiga escanea-las e disponibiliza-las neste blog.
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Fonte:
Livro
S443v
VIVÊNCIAS UMA EXPERIÊNCIA DE SUCESSO NO ARTESANATO DO CEARÁ
FORTALEZA: 2006, 274p.
1.Artesanato - Ceará

CDU745/749

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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Agradecimentos Especiais dos Artesãos da Arte do Trabalho do Nordeste

Andreya Trindade, Arthur Adriano Fernandes de Sousa, Carmem Lúcia Dantas, Cláudia Correia Cavalcante, Carlos Augusto Parente dos Santos, Di Freitas, Elayne Cristina Rocha, Flora Fogaça, Francisco Soares Costa, Francisco Gomes da Silva, Francisco Lacerda de Moreira Cavalcante, Francisca Cleide Moreira de Castro, Glauber Almeida, Joaquim Jorge de Moura, José Airton Cabral, João Bandeira, Jofrânio Bandeira, João Álcimo Viana Lima, Júnior Boca, Maria Dolore de Andrade Feitosa, Nilde Ferreira, Carlos Alberto P. Magalhães(Pe), Mauríco Crenaschi(Pe), Pedro Bandeira, Régis Caminha, Mestre Tico(Reisado do Mestre Tico), Terezinha de Lizê Freire.

**Fonte :
Livro " VIVÊNCIAS - Uma experiência de sucesso no artesanato do Ceará"